Por Eduardo Velozo Fuccia

Crime hediondo e mazela social reunidos no mesmo drama urbano. Um morador de rua foi morto com pauladas na cabeça enquanto dormia e o Tribunal do Júri de Santos (SP) condenou o assassino confesso a 18 anos de reclusão. Réu e vítima eram desafetos por causa da disputa por cobertores, materiais recicláveis e até alimentos, disse o acusado.

O Ministério Público (MP) denunciou Marco Antônio Martins de Souza, o Cabeludo, de 33 anos, também morador de rua, por homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima, identificada apenas por Francisco Banguela.

A pena deverá ser cumprida em regime inicial fechado e o juiz Alexandre Betini negou a Cabeludo a possibilidade de recorrer em liberdade. “Tendo em vista a pena aplicada, as lesões graves sofridas pela vítima e o fato de o réu ser morador de rua, necessária sua custódia cautelar para evitar a frustração da aplicação da lei penal”.

O assassinato aconteceu na madrugada de 6 de novembro de 2018, na Rua Almeida de Moraes, próximo à Avenida Ana Costa, uma das principais vias da cidade. Câmeras de segurança registraram o ataque a Francisco Banguela e a fuga de Cabeludo, que deixou o local empurrando o seu carrinho de materiais recicláveis.

Porém, detalhes que chamaram a atenção na filmagem foram a luva preta que o réu usava na mão esquerda e a mochila vermelha que trazia nas costas. No dia seguinte, Cabeludo foi detido com os mesmos acessórios. Ele confessou o homicídio, alegou que vítima havia prometido matá-lo e alegou que decidiu agir primeiro.

Com passagem por furto, Cabeludo teve a prisão preventiva decretada. Ele aguardou no cárcere o julgamento, realizado na última segunda-feira (25). Os jurados acolheram a tese do MP quanto às qualificadoras atribuídas ao homicídio. Por ser crime hediondo, o réu só poderá progredir de regime a cada cumprimento de dois quintos da pena.