Crise no mercado imobiliário gera oportunidades para a advocacia
Por Christiane Araújo (*)
Depois da fase crítica, o mercado imobiliário começa a dar sinais de que está reagindo à crise avassaladora de 2017. Entretanto, a recuperação do mercado ainda ocorre de forma lenta.
Muitos compradores acabaram devolvendo imóveis adquiridos na planta. Os fatores causadores foram, dentre outros, o alto índice de desemprego, o fechamento de empresas e a necessidade premente de abrir mão, ainda que temporariamente, do “grande sonho”.
De um lado, transtorno para as construtoras e incorporadoras que tiveram de amargar o desfazimento das negociações. De outro, o grande movimento nos escritórios de advocacia com um alto número de ações judiciais e excesso de “distratos”, em razão da malfadada desistência.
Assim como a reforma trabalhista movimentou os escritórios que atuam na área trabalhista, não ocorreu de forma diferente no campo do direito imobiliário. Contudo, é inegável que a crise afeta a advocacia como um todo, com a redução de contratos, principalmente, na advocacia empresarial, em que os honorários acabam sendo renegociados.
O importante é aproveitar o momento para se reciclar, fazer cursos de especialização e buscar conhecimento em novas áreas do Direito para atender às diversas possibilidades que surgem.
A crise proporciona mudanças. Crescimento em diversos níveis. Criatividade e humildade são as palavras mágicas para superar essa fase de turbulência econômica que afeta todos os segmentos, como um efeito em cascata.
A reflexão sobre a crise faz lembrar a frase famosa do publicitário baiano Nizan Guanaes: “Enquanto eles choram, eu vendo lenços”. Flexibilidade, boa vontade e, sobretudo, inteligência emocional fazem parte deste processo que, certamente, trará novas perspectivas e, como resultado, fortalecimento emocional e pessoal.
Enquanto isso, o mercado imobiliário está retomando aos poucos a esperança para sair da sala de cirurgia com vida. Ocorre uma diminuição nos juros dos financiamentos de imóveis, o que deve favorecer a recuperação das vendas e pode representar um fôlego para o setor, que ainda sobrevive com batimentos cardíacos lentos.
A confiança do consumidor tende a aumentar, não somente no mercado imobiliário, como também em outros segmentos, conforme já é evidenciada no setor automobilístico.
Ademais, seguindo uma perspectiva otimista, a reforma trabalhista poderá afetar positivamente a economia como um todo. Com a flexibilização da jornada de trabalho, o banco de horas, a possibilidade da remuneração por produtividade, o parcelamento de férias e todas essas variantes, já se espera um pequeno aumento nas contratações.
Talvez a construção civil – responsável por inúmeras admissões, possa se beneficiar com a flexibilidade da reforma da lei para gerar novos empregos, contribuindo novamente para o aquecimento do mercado.
Sobreviver à crise é o que se espera.
(*) Graduada em Direito pela União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura (Unime). Graduada em Comunicação Social – Relações Públicas pela UNIFACS – Universidade Salvador. Advogada com foco em Contratos Imobiliários e Soluções de Negócios.