Policinha, lenda da Polícia Civil, morre aos 83 anos, na Santa Casa de Santos
Por Eduardo Velozo Fuccia
O investigador aposentado Paulo Ribeiro, o Policinha, de 83 anos, faleceu no sábado (10/6), na Santa Casa de Santos, em decorrência de complicações de saúde. Policial civil vocacionado, esclareceu inúmeros crimes. Em 44 anos de carreira, atuou em várias delegacias da região. Após breve velório na manhã deste domingo (11), o sepultamento ocorreu no Cemitério da Areia Branca.
Bandido na sua época tinha a consciência de que a “cana” (prisão) apenas seria questão de tempo quando Policinha entrasse em ação. Mais do que temido, o investigador era respeitado pelos criminosos. Esse respeito era extensivo aos integrantes da instituição e serviu de inspiração para muitos fora dela prestarem concurso público e se tornarem também policiais.
Policinha não era midiático, mas o seu nome figurava com frequência quase diária nos jornais e programas de rádio como consequência natural do seu trabalho. Embora fosse de uma época que antecedeu a digital, sem os recursos tecnológicos disponíveis na atualidade, sempre teve a inteligência, aliada à paciência, como a principal arma no combate à criminalidade. Era avesso à truculência.
Por exemplo, na impossibilidade de interceptar as ligações telefônicas de um investigado, Policinha seguia os seus passos e monitorava a sua casa, como se estivesse sob um manto invisível, o tempo que fosse necessário para “dar o bote” (prender em flagrante) ou montar um dossiê que seria decisivo para uma condenação.
As campanas de Policinha sempre rendiam bons frutos, não importa se investigasse homicídios, crimes patrimoniais ou contra a saúde pública – a repressão ao tráfico de drogas era a sua especialidade. Em um dos casos que elucidou, tentaram confundir a investigação com a colocação de cocaína no apartamento de uma professora. Ela foi assassinada no local com marretadas na cabeça.
A mulher residia na Ponta da Praia, em Santos, e o imóvel não apresentava sinais de arrombamento. Na montagem do quebra-cabeça, apurou-se que a droga fora plantada no guarda-roupa da professora. Porém, a principal descoberta foi a de que o médico casado com a vítima cometeu o homicídio. O casal estava em processo de separação. O marido foi condenado.
Com fisionomia que lembra a de Charles Bronson, Policinha também se assemelhava ao ator estadunidense em outro quesito: a excelência naquilo que se propunha fazer. Porém, se o protagonista de Desejo de Matar era um homem com sede de vingança, o investigador sempre almejava justiça nos filmes da sua vida real. Produzia provas que lhe rendiam elogios de delegados, promotores e juízes.
Policinha deixa seis filhos, entre os quais Paulo Álvaro Ribeiro, também investigador, que resumiu a história do pai. “Amava ser policial, não deixava colega nenhum na mão e não temia o perigo. A polícia era respeitada e temida. Orgulho de ter trabalhado junto com o policial e pai que se dedicou a todos nós”.
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