Jovem é condenada por tentar matar namorado ao simular fantasia sexual em motel
Por Eduardo Velozo Fuccia
Acusada de tentar matar a facadas o namorado no motel Villa Reggia, durante suposta fantasia sexual consistente em amarrá-lo em uma cadeira erótica da suíte, Jennifer Nunes da Silva, de 29 anos, foi condenada pelo Tribunal do Júri de Santos, na noite de quarta-feira (14), a seis anos de reclusão. A pena deverá ser cumprida em regime inicial fechado, mas a ré poderá recorrer em liberdade, porque já respondia ao processo solta.
Quatro mulheres e três homens foram sorteados para julgar Jennifer. Eles rejeitaram a tese de legítima defesa sustentada pelo advogado Daniel Oliveira, mas também afastaram as duas qualificadoras atribuídas ao crime pelo Ministério Público (MP), consistentes na dissimulação e no motivo torpe. Desse modo, o Conselho de Sentença condenou a ré por homicídio simples, na forma tentada.
Sob a presidência do juiz Alexandre Betini, a sessão começou às 13 horas, sendo o veredicto lido por volta das 21h30. A acusação foi realizada pelo promotor Fábio Perez Fernandez e pelos advogados Renata Bonavides e Uriel Pinto de Almeida, que atuaram como assistentes. O crime ocorreu no início da madrugada de 29 de maio de 2015. O Villa Reggia fica Rua da Constituição, 490, na Encruzilhada.
Entenda o caso
O namoro de cerca de três anos de Jennifer e Gustavo Santiago dos Reis, de 32 anos, teria terminado em maio de 2015. No entanto, conforme a denúncia do MP, o fim da relação não impediu que a acusada propusesse ao rapaz uma última noite de amor entre ambos. Convite aceito, o casal se hospedou no motel, onde a jovem revelou o desejo pela fantasia sexual de imobilizar o parceiro na cadeira erótica.
Com lacres plásticos, a ré prendeu os pulsos e as pernas de Gustavo na cadeira. Depois, ela retirou uma faca de sua bolsa, golpeou o rapaz e o forçou a engolir comprimidos. Jennifer também portava uma seringa com um líquido branco desconhecido. Desesperado, o jovem começou a se debater e, inicialmente, conseguiu soltar as pernas. Ele também gritou por socorro e a gerência do motel acionou a Polícia Militar.
Segundo a versão de Gustavo em juízo, durante o ataque, a ré lhe dizia que pretendia matá-lo de “overdose” de remédios, mas se ele se recusasse a tomar os medicamentos, o homicídio seria a facadas. A alegação da acusada, conforme o rapaz, era a de que, se não fosse dela, ele não seria de mais ninguém. Jennifer, por sua vez, negou o crime, alegando que apenas tentou se defender dos golpes de faca iniciados pelo namorado.
‘Carta suicida’
A acusada foi presa em flagrante, mas depois a Justiça lhe concedeu liberdade provisória. Ela apresentou na época uma carta, que afirmou ter sido escrita por Gustavo e na qual o rapaz justificava a própria morte no motel. Porém, o jovem negou a autoria da mensagem de despedida com teor suicida. “Ele não escreveu nada e a perícia do Estado comprovou que a caligrafia da carta não é sua”, completou a advogada Renata Bonavides.
De acordo com o MP, o homicídio apenas não se consumou porque Gustavo também conseguiu soltar os seus braços e tomar a tempo a faca de Jennifer. O rapaz afirmou que levou oito facadas com corte mais profundo, tendo uma delas perfurado um pulmão e exigido a colocação de dreno. A vítima ainda apresentava várias escoriações, tendo mais de 15 marcas superficiais de facadas no corpo.
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