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14/05/2021

Homem pula na água e marinheiro e ajudante de barco viram “donos” de drogas

Por Eduardo Velozo Fuccia

Um marinheiro e o seu ajudante foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e associação para o tráfico após o encontro de 12,2 quilos de cocaína e 4,3 de maconha no barco no qual trabalhavam. Os acusados negam qualquer vínculo com os entorpecentes e afirmam que eles eram transportados por um passageiro desconhecido, que pulou no mar ao perceber a aproximação de policiais civis. Este suspeito não foi localizado.

A embarcação faz a travessia Santos (Ponta da Praia)-Guarujá (Praia de Santa Cruz dos Navegantes). Condutor da lancha de transporte de passageiros, Júlio César de Moura, de 58 anos, é marinheiro há vários anos e não ostenta antecedentes criminais, conforme informa o seu advogado, Eduardo Ribeiro. Também sem passagens, André Correia Calado, de 41 anos, trabalha no barco na função de amarrá-lo aos píeres de atracação.

“Eles residem na Pouca Farinha, como é chamada a comunidade de Santa Cruz dos Navegantes, onde são bem quistos. Moradores do bairro os conhecem como pessoas honradas e trabalhadoras. Por isso, se mobilizam para realizar um ato de protesto pelas suas prisões injustas. Outros marinheiros e demais funcionários das barcas também analisam realizar a paralisação dos serviços de travessia para protestar”, disse Ribeiro.

A prisão ocorreu às 6 horas de quarta-feira (12). Policiais da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), da Delegacia Seccional de Carapicuíba, disseram que apuram esquema de distribuição de drogas em Itapevi e municípios vizinhos. Porém, uma ramificação da organização criminosa também abasteceria pontos de tráfico da Baixada Santista, utilizando para isso as barcas da travessia Santos-Guarujá.


Para a captura de um homem identificado como “Stephan”, responsável pela distribuição das drogas na Baixada, ainda conforme os agentes da Dise de Carapicuíba, foi deflagrada a Operação Open Sea, no início da manhã de quarta-feira. Os agentes relataram que apenas Júlio César e André estavam no barco, onde foi encontrada uma mochila com tijolos de cocaína e maconha, além da quantia de R$ 3.814,00 em poder do marinheiro.

“A lancha estava na iminência de iniciar a travessia em direção a Guarujá e nela havia uns seis, sete passageiros, mas que não foram levados como testemunhas até a delegacia. O dono da mochila com as drogas, ao perceber os investigadores, a largou no fundo da barca, retirou a sua blusa e as suas botas, pulou no mar e desapareceu. Ninguém sabe dele e sobrou para o marinheiro e o ajudante”, relatou o advogado.

Durante audiência de custódia, a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva. Eduardo Ribeiro disse que impetrará habeas corpus para obter a liberdade dos clientes, sob a justificativa de que inexiste ligação deles com as drogas apreendidas, além de não possuírem dever legal de revistar passageiros. “O marinheiro e o ajudante não têm como fiscalizar o grande fluxo de pessoas que transportam, até porque ficam na cabine”.

O serviço de travessia é explorado por uma empresa com sede em Guarujá. Sobre o dinheiro que o marinheiro portava e foi apreendido pelos investigadores, o advogado explicou que ele se refere à féria das embarcações que operam no sistema. De acordo com Ribeiro, Júlio também tem a atribuição de realizar a recolha desses valores das passagens, sendo as importâncias discriminadas por embarcação.


  • Foto principal : Ponto de atracação das barcas que fazem a travessia da Ponta da Praia para a comunidade de Santa Cruz dos Navegantes, ao fundo, na outra margem do canal do Porto de Santos – Crédito Matheus Tagé

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