Mensagem de um juiz aos eleitos: “a corrupção na vida pública é o crime mais ignóbil”
Por Edegar de Sousa Castro (*)
No último dia 1º de janeiro, os senhores, candidatos eleitos no pleito de 2020, tomaram posse de seus cargos. Grande privilégio, assim, a providência divina lhes outorga, uma vez que, a partir de então, boa parte dos destinos dos municípios brasileiros está confiada aos senhores. E digo que a providência lhes concede tal honra porque, conforme ensinam as Sagradas Escrituras, “não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas”.
Estejam, portanto, sensíveis à voz bendita daquele que permitiu aos senhores o exercício dos cargos dos quais tomaram posse! Lembrem-se, também, que os olhares de toda a comunidade agora se voltam aos senhores, esperando que honrem os votos recebidos. E isso porque, na verdade, dentre todos os crimes que se tem conhecimento, a corrupção na vida pública é, sem dúvida, o mais ignóbil.
É a corrupção mais abjeta que crimes tidos por hediondos, pois, através dela, os alimentos são desviados, a educação é prestada de forma deficitária, o atendimento médico deixa de ser levado a quem dele necessita e as obras públicas não são realizadas. A corrupção, em suma, de forma surda e covarde, mata milhares de pessoas que, de outra forma, nunca seriam atingidas pelo braço maligno do crime”. (Edegar de Sousa Castro)
E não se imagine que a corrupção seja um fenômeno do nosso tempo, em especial do Brasil. A corrupção, infelizmente, acompanha a humanidade há séculos, desde que o homem se afastou do ideal divino, tal como podemos encontrar nas Escrituras Sagradas. Mas não é porque a humanidade, de há muito, convive com a corrupção, que devemos deixar de combatê-la, como se fosse um fenômeno inevitável.
O combate à corrupção, na realidade, é tarefa constante, para a qual todo cidadão é chamado, pois o político desonesto é uma chaga social que deve ser extirpada a qualquer custo. Em especial, são chamados para tal tarefa aqueles que, pelo voto popular, estão assumindo um cargo público e devem zelar pelo prestígio da função. E, para tanto, devemos, mais uma vez, recorrer à sabedoria eterna, expressa na Bíblia. O extraordinário rei Salomão, tido como o maior sábio que já viveu na terra, recomendava aos governantes: “Use sua autoridade para fazer justiça e ajudar os pobres e necessitados”.
Embora, à primeira vista, tais recomendações só se refiram aos governantes, não se pode esquecer que foram lançadas em uma época em que o rei enfeixava em suas mãos o poder de administrar, legislar e julgar. Não obstante, trazem as Sagradas Escrituras exortações específicas aos que são incumbidos de promulgar as regras que nortearão os destinos da sociedade. A tais pessoas, exorta a palavra de Deus: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão”. Devem os nossos legisladores, assim, meditar seriamente na advertência divina, deixando de lado interesses pessoais e sem considerar, do mesmo modo que também devem fazer os governantes, a impopularidade de eventuais medidas que se afiguram necessárias para o bem comum.
A respeito, e para arrematar, lembre-se da preciosa lição de James Clarke: “Um político pensa na próxima eleição; um estadista, na próxima geração”. Espera a população brasileira, dessa maneira, que estejamos, nos próximos quatro anos, diante de grandes estadistas!
(*) Edegar de Sousa Castro é Juiz de Direito em São Paulo e membro do grupo de Juízes e Promotores Cristãos