Pandemia e mercado imobiliário – considerações sobre venda e locação
Por Christiane Araújo Fuccia (*)
Os sintomas da crise proporcionada pela pandemia do novo coronavírus já começam a ser sentidos pelo mercado imobiliário. Diante das incertezas, o momento requer atenção, tranquilidade e empatia.
Em se tratando de compra e venda de imóveis, desde dezembro de 2019, o mercado imobiliário estava aquecido com relação à crise anterior.
O mercado estava movimentado com pedidos de informações e visitas a imóveis prontos. Realidade bem diferente do mês de março de 2020, em que se percebe uma redução no volume de buscas. No entanto, para quem tem dinheiro para investir, essa é uma oportunidade de fechar uma boa compra.
Diante deste cenário de isolamento social, percebe-se uma tendência de mudança comportamental do comprador, que será influenciado por diversos fatores em decorrência da pandemia.
Mudança do padrão de imóvel em decorrência do preço é um ponto a ser levado em conta nos dias atuais, devido à readequação da realidade econômica de cada família. A necessidade de se mudar para um imóvel mais barato, apesar de menor, será analisada diante da nova realidade de perda de emprego e renda.
Em contrapartida, a pandemia poderá influenciar no comportamento de diversas famílias que precisarão de mais espaço e privacidade. Com isso poderá surgir a necessidade de deixar um apartamento com área de lazer coletiva “sem uso”, em razão da pandemia, para buscar uma casa com área de lazer privativa com piscina, jardim e salão de jogos, por exemplo.
Ou seja, as necessidades diante da crise do novo coronavírus são novas e certamente influenciarão na hora da compra. Dessa forma, sempre haverá alguém querendo comprar ou querendo vender.
A hora para quem deseja investir é excelente. Uma pesquisa aprofundada em plataformas digitais como sites e portais imobiliários será a solução nesta fase de isolamento por ser alternativa mais segura. A tecnologia será imprescindível.
Como em todos os cenários de crise, é possível encontrar negócios interessantes. Principalmente, à vista, através do poder de barganha. Isso já está acontecendo.
Neste momento, todos os cuidados com a documentação deverão ser tomados. Atenção em dobro é a recomendação maior. Mais do que em situação normal!
Em momentos assim é necessário ter atenção com relação a golpes ou negócios mirabolantes, que não devem ser confundidos com boas oportunidades. Com isso, a importância de análise criteriosa na documentação.
Ficar atento a essas oportunidades é a dica! Algumas pessoas, sem fluxo de caixa, precisarão vender com urgência, seja para comprar outro mais barato ou para pagar dívidas.
No que se refere às locações comerciais ou residenciais, para que o contrato possa ter continuidade, surge a necessidade da flexibilização, diante da pandemia, em homenagem à Teoria da imprevisão e da onerosidade excessiva, ou ainda, das normas previstas no Código Civil, em que se analisa a possibilidade de alteração nas condições contratuais afim de manter os negócios jurídicos. O lema diante da pandemia é “negociar para continuar”.
(*) Graduada em Direito pela União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura (Unime). Graduada em Comunicação Social – Relações Públicas pela Unifacs – Universidade Salvador. Advogada com foco em Contratos Imobiliários e Soluções de Negócios.