Trio é condenado pela morte de jovem durante simulação de compra de iPhone
Por Eduardo Velozo Fuccia
A Justiça condenou a penas que variam de 16 a 29 anos de reclusão, em regime fechado, dois homens e uma mulher pelo latrocínio (roubo seguido de morte) do comerciante Thiago Varvello Nasser, de 23 anos. O crime ocorreu na loja da vítima, em Santos, no dia 1º de fevereiro de 2023. O jovem levou um tiro no peito ao ter um celular iPhone 14 levado do estabelecimento. Durante o assalto, um irmão de Thiago foi baleado de raspão na virilha. Apenas um dos réus está preso. Os demais permanecem foragidos.
Principal envolvido no crime, Matheus Quintino dos Santos teve a sua punibilidade extinta porque morreu posteriormente ao praticar outro roubo. Foi ele quem entrou na loja da vítima se passando por um cliente interessado na compra do iPhone e a matou a tiro. Para isso, ele agendou a visita ao comércio pelo WhatsApp. Na recepção do edifício Legacy Tower, na Avenida Conselheiro Nébias, 444, na Encruzilhada, ele disse que esqueceu o documento para não ser identificado, mas Thiago autorizou o ingresso.
Com base no inquérito policial, o Ministério Público (MP) também especificou as participações dos demais réus. Aline Aparecida Mota Ricardo emprestou para Matheus a sua moto e o seu capacete rosa para que o comparsa falecido fosse até a loja. Com ciência prévia de que o veículo seria utilizado no crime, essa acusada ainda compareceu ao 5º DP de Santos na mesma data do latrocínio e, falsamente, comunicou o furto da motocicleta na tentativa de atrapalhar as investigações e se desvincular do caso.
Em relação aos corréus Ricardo Jorge Ribeiro Gomes e Alexsandro Alves de Souza, conforme o MP, ambos permaneceram em uma lanchonete perto do Legacy Tower, enquanto Matheus se dirigiu ao edifício. Além disso, essa dupla acompanhou na fuga o autor dos disparos contra a vítima fatal e o irmão dela. Imagens de câmeras de segurança obtidas pela Polícia Civil mostram que os três estavam juntos e o juiz Walter Luiz Esteves de Azevedo, da 5ª Vara Criminal de Santos, se convenceu de que eles agiram em conluio.
“Ricardo e Alexsandro dividiram com Matheus as tarefas necessárias à execução do delito, revelando perfeito concerto de vontades. A participação deles foi de grande relevância. Foram eles que deram a segurança necessária para que Matheus investisse contra as vítimas. Eles também garantiram o proveito econômico dos delitos”, avaliou o julgador. Azevedo também anotou que a participação de Aline foi de menor importância, porque a ré se limitou a fornecer a moto usada no crime e não esteve na cena dos fatos.
Os quatro acusados tiveram a prisão preventiva decretada, mas apenas Ricardo foi capturado. Por estarem foragidos, Aline e Alexsandro sequer puderam ser interrogados em juízo. Ricardo e Alexsandro são reincidentes por roubo e tráfico de drogas, respectivamente, e foram condenados a 29 anos e dois meses de reclusão. Aline é primária, sendo a sua pena fixada em 16 anos de reclusão pelo latrocínio e mais um mês de detenção pelo delito de falsa comunicação de crime.
Poderia ser pior
Um ano mais novo do que Thiago, o seu irmão viu o momento em que a vítima fatal foi falar com o suposto cliente, mas não participou desse atendimento presencial. Logo em seguida, o irmão escutou o barulho de tiro, saiu de sua sala para verificar o que acontecia e foi baleado na virilha. Segundo o irmão, ele só não foi atingido por mais disparos porque conseguiu voltar à sala e se trancar por dentro. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) se dirigiu ao local, mas Thiago já estava morto.
Foto principal: Ricardo, Aline e Alexsandro
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