Conteúdos

27/06/2017

“O Brasil não é um país corrupto, mas uma cleptocracia, um governo de ladrões”

Jurista Luiz Flávio Gomes se declarou “em favor da Lava Jato, dentro da lei, e pela reconstrução do Brasil” (Fotos: Nathalie Monteiro/OAB Santos)

Por Eduardo Velozo Fuccia

“O Brasil não é um país corrupto, mas uma cleptocracia, um governo de ladrões”. A afirmação é do jurista e professor Luiz Flávio Gomes e marcou o início de sua palestra, Lava Jato – Corrupção, Ética, Liderança e Cidadania, no auditório da Subseção de Santos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no último 15 de maio.

Autor do livro O Jogo Sujo da Corrupção, no qual defende a “implosão do sistema político-empresarial perverso” e se declara “em favor da Lava Jato, dentro da lei, e pela reconstrução do Brasil”, Luiz Flávio demonstrou o seu receio de que eventuais abusos na condução das ações penais da maior investigação nacional anticorrupção da história gerem nulidades processuais, que só favoreceriam os réus e resultariam em impunidade.

Para ele, o grande mérito da Lava Jato não foi descobrir apenas um esquema de corrupção, “que já sabíamos existir e há em todo o mundo”, mas desvendar a extensão, a profundidade e a metodologia da “rapinagem”. Luiz Flávio disse que as investigações da Polícia Federal (PF) radiografaram um “crime organizado” infiltrado no Executivo e também nos demais poderes da República.

“A Odebrecht comprou 20 leis que a beneficiaram”, disparou. Ele também informou existir indícios do envolvimento de membros do Judiciário na teia criminosa desnudada pela Lava Jato, a serem tornados públicos em momento mais oportuno, porque “não se combate a corrupção por nocaute, mas por pontos. A cada dia, um ponto”.

Em relação às colaborações premiadas de réus da operação, que atemorizam não só outros acusados da Lava Jato, mas potenciais futuros denunciados pelo Ministério Público Federal, Luiz Flávio citou o ministro Teori Zavascki, ex-relator das ações penais, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, que faleceu em acidente aéreo.

“Referindo-se às delações, ele (Teori) disse que a cada pena que se puxa sai uma galinha. Agora, deve sair uma ema”, acrescentou o palestrante, diante da expectativa em torno do provável acordo de colaboração do corréu Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, respectivamente, nos governos de Lula e Dilma Rousseff.

Diante de um auditório lotado, Luiz Flávio respondeu às perguntas da plateia e dos advogados Ricardo Ponzetto e Walter Luiz Alves, que atuaram como debatedores. Os trabalhos foram presididos por Matheus Cury, vice-presidente da Subseção da OAB. Secretária-geral e tesoureiro da entidade, Marília Bonavides e Fernando Rocha compuseram a mesa juntos com o juiz federal Roberto Lemos dos Santos Filho.

CATEGORIA:
Comentário
Notícia
COMPARTILHE COM: