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12/02/2021

MC Sthill é condenado a 46 anos por tentar matar policiais civis e por tráfico

Por Eduardo Velozo Fuccia

Acusado de cinco tentativas de homicídio contra policiais civis, tráfico de drogas e associação para o tráfico, Alexsander de Jesus Almeida, o MC Sthill, foi condenado a 46 anos e um mês de reclusão, em regime inicial fechado. O júri popular do réu aconteceu no Fórum de São Vicente, litoral paulista, no último dia 9. Os atentados ocorreram na manhã de 26 de abril de 2018, na comunidade do Dique do Piçarro (foto principal), e deixaram dois investigadores baleados.

O juiz Alexandre Torres de Aguiar destacou na sentença “a extrema violência e audácia da conduta do réu”. Na dosimetria da pena, entre outros fatores legais, o magistrado considerou as consequências psicológicas produzidas nas vítimas, “pois foram cercadas em território dominado pela criminalidade”, além das físicas, que as obrigaram a passar por “períodos longos de recuperação”. A decisão não é definitiva, mas o acusado não poderá apelar em liberdade.

Lotados na antiga Delegacia de Investigações Gerais de Santos, atual 1ª Delegacia da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), três policiais foram atacados durante diligência para localizar um procurado da Justiça. MC Sthill e dois comparsas atuavam em um ponto de tráfico. Segundo o Ministério Público (MP), para assegurar a execução do comércio de drogas e a impunidade, o trio abriu fogo contra os agentes públicos e fugiu pelos becos do Piçarro.

Neste primeiro momento, os policiais escaparam ilesos. Eles saíram em busca dos traficantes e dois dos agentes de segurança foram vítimas de uma segunda emboscada, instantes depois, que o MP atribuiu a MC Sthill e a um dos parceiros. Um investigador foi baleado no pé, enquanto o seu colega levou tiros no braço, na perna e no lado esquerdo do peito, próximo ao coração. Houve revide, mas os criminosos não foram atingidos.

Delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Jr. esclareceu no plenário do júri detalhes da investigação que elucidou o atentado aos policiais civis

Multiplicidade de drogas

Durante buscas pela comunidade, na qual predominam palafitas e moradias construídas em área de mangue aterrada, foram achadas as drogas comercializadas pelos criminosos: 323 pinos de cocaína, 118 pedras de crack, seis frascos de lança-perfume e 236 porções de maconha de variados tamanhos. Acondicionados em uma sacola abandonada à beira de um rio, os entorpecentes totalizaram cerca de um quilo. Rádio de comunicação também foi apreendido.

MC Sthill foi o primeiro acusado a ser julgado. Responsável pelo inquérito policial que apurou a autoria dos crimes e individualizou as condutas de cada réu, o delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior depôs no plenário do júri. Durante 46 minutos, ele esclareceu os detalhes da investigação aos jurados, que se convenceram da culpa de MC Sthill e o condenaram. Com 22 anos, o rapaz recebeu pena superior ao dobro de sua idade.

Enquanto as tentativas de homicídio foram qualificadas pelo emprego de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e em virtude de os delitos terem sido cometidos contra policiais e para garantir a impunidade de outros crimes, o tráfico e a associação para o tráfico tiveram como agravante o fato de terem sido praticados mediante grave ameaça e com o emprego de arma de fogo.

De acordo com a sentença, a quantidade e variedade de drogas indicam que MC Sthill faz do tráfico o seu “meio de vida, ou seja, dedica-se a atividade criminosa, agindo em conjunto e acompanhado de outros indivíduos na prática do delito”. Desse modo, ainda conforme enfatizou o magistrado, o réu “não se trata de pequeno traficante, mais sim de grande disseminador de entorpecentes”.

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