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30/10/2020

Membro do ‘novo cangaço’ é condenado por tráfico de 1,3 tonelada de cocaína

Por Eduardo Velozo Fuccia

O juiz federal Roberto Lemos dos Santos Filhos, da 5ª Vara Federal de Santos, condenou José Carlos dos Santos Beserra a 13 anos, dez meses e um dia de reclusão por tráfico de droga internacional e associação para o tráfico de caráter também transnacional. O réu está vinculado a duas apreensões de cocaína ocorridas em Guarujá, no litoral de São Paulo, em menos de 24 horas. Elas totalizaram 1.343 quilos.

Considerado clínica geral no mundo do crime, Beserra também possui condenações nos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, cujas penas somadas atingem 19 anos e nove meses de reclusão pelos crimes de roubo qualificado, sequestro, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo. No Nordeste, ele está envolvido em uma série de crimes rotulados de “novo cangaço”.

Beserra encontra-se em penitenciária mineira. Ele também possui condenações na Paraíba e no Rio Grande do Norte

Nestas ações, bandidos armados invadem pequenas cidades para roubar bancos e caixas eletrônicos. Atualmente, Beserra encontra-se na penitenciária de segurança máxima de Francisco Sá, no norte de Minas Gerais. Ele foi capturado em um apartamento de luxo de Belo Horizonte, em 18 de novembro de 2019. Atrás das grades, foi sentenciado no último dia 21 de outubro na ação da Justiça Federal.

Para assegurar a aplicação da lei penal e garantir a ordem pública, Roberto Lemos negou o direito de Beserra recorrer em liberdade. O juiz embasou esta decisão no “elevado poder econômico, grau de organização e sofisticação das ações perpetradas pelo réu e pela organização criminosa por ele integrada, com ramificação em diversas unidades da federação e atuação marcada pelo envio de toneladas de cocaína para o exterior”.

Casal Busca-pó

Equipes da Polícia Federal (PF) aprenderam no dia 20 de fevereiro do ano passado, em uma casa situada na Rua Professor Noé de Azevedo Júnior, na Enseada, em Guarujá, 968 quilos de cocaína, R$ 1.020.650,00 em dinheiro, celulares e veículos. Parte da droga estava no fundo falso de um caminhão que ingressou no imóvel e o restante se encontrava no interior da moradia.

No dia seguinte, em prosseguimento às investigações, agentes da PF revistaram outra casa, na Rua Florença. A residência fica distante nove quarteirões do primeiro imóvel, sendo nela apreendidos mais 375 quilos de cocaína, além de um fuzil, cinco pistolas, diversos celulares e documentos em nome de terceiros. Ao todo foram recolhidos 21 celulares, que passaram por perícia autorizada pela Justiça Federal.

Fuzil e pistolas apreendidos em Guarujá, no litoral paulista

A análise dos aparelhos possibilitou à PF desenvolver a Operação Alba Vírus, que desbaratou organização criminosa e descobriu seis remessas de cocaína ao exterior, totalizando cerca de seis toneladas. Vários portos brasileiros nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste foram usados na logística do narcotráfico internacional. Karine de Oliveira Campos e o seu companheiro, Marcelo Mendes Ferreira, são apontados como os líderes.

Considerada a rainha do tráfico internacional do Brasil, Karine foi condenada a 17 anos e dois meses de reclusão. Ela e o companheiro ficaram conhecidos nos meios policiais como casal Busca-pó. A pena de Marcelo foi fixada em 15 anos, dois meses e dez dias de reclusão. A sentença de ambos também é 5ª Vara Federal de Santos e foi prolatada no último dia 23 de setembro. Eles permanecem foragidos.

Inquilino fantasma

O juiz assinalou que ficou demonstrado ser Beserra o dono da casa onde estava a maior parte da droga. Além disso, ele não comprovou possuir fonte de renda lícita que justifique a sua elevada movimentação financeira e o seu acúmulo patrimonial nos últimos dois anos. O réu alegou que o seu imóvel de Guarujá, à época da apreensão da cocaína, estava alugado a um homem chamado “Sebastião”. O suposto inquilino nunca foi achado.

“O arcabouço probatório é extenso e revela sem sombra de dúvida que Beserra está diretamente relacionado aos 968,9 quilos de cocaína apreendidos na Rua Professor Noé de Azevedo, no dia 20 de fevereiro de 2019, bem como aos 375 quilos de cocaína apreendidos no dia seguinte na Rua Florença, sendo que as duas apreensões foram capituladas pelo Ministério Público Federal como um único crime”, concluiu Lemos.

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