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01/06/2021

Mãe de jovem morta por casal após descoberta de traição pede justiça (veja vídeo)

Por Eduardo Velozo Fuccia

Assassinar a amante foi a condição imposta por Larissa Gomes da Silva, de 22 anos, ao companheiro, José Victor Silva Barbosa, da mesma idade, ao descobrir que ele o traía, conforme denúncia do Ministério Público (MP) contra o casal. Pivô involuntário da desarmonia conjugal, porque não sabia que o rapaz era comprometido, segundo amigas, a universitária Vitória Luiza da Silva, de 20 anos, levou um tiro na cabeça e teve o corpo queimado. A sua mãe pede justiça.

O homicídio aconteceu em Praia Grande, no litoral de São Paulo, na madrugada do último dia 1º de abril. O promotor Rafael Viana de Oliveira Vidal resumiu o enredo criminoso em cinco laudas para denunciar José Victor e Larissa. Ele pediu a preventiva do casal, que já estava preso temporariamente por 30 dias a pedido da Polícia Civil. A juíza Natalia Cristina Torres Antonio recebeu a acusação formal do MP e o casal se tornou réu.


A magistrada também aceitou o pedido de preventiva (sem prazo determinado). Segundo a juíza, a manutenção do encarceramento dos réus é medida necessária para evitar a prática de novos delitos, além de ser adequada à gravidade do crime. Eventuais medidas cautelares diversas da prisão preventiva, de acordo com Natalia Antonio, seriam insuficientes para garantir a instrução criminal (produção de provas no processo) e a ordem pública.

Municiado com as informações produzidas no inquérito da 3ª Delegacia de Investigações de Homicídios de Santos, o promotor Vidal narrou na denúncia que Larissa descobriu a traição ao manusear o celular do companheiro. “De imediato, a denunciada passou a nutrir um sentimento de ódio em relação à vítima, desejando a sua morte. Para tanto, instigou o denunciado a ceifar a vida de Vitória, como condição para a manutenção do relacionamento amoroso entre eles”.

José Victor aderiu ao “odioso desejo da companheira” e atraiu Vitória para um encontro, conforme o representante do MP. Para isso, utilizou o seu Renault Sandero para buscá-la na cidade vizinha de São Vicente, onde ela morava. Durante o trajeto, ele parou o carro em determinado local sob o pretexto de dar carona a um “primo”, mas quem ingressou no veículo foi Larissa. O casal seguiu com a vítima em uma rua sem movimento para executá-la.

O tiro que atingiu a vítima na cabeça fraturou o crânio e foi disparado por José Victor. O rapaz e a companheira deixaram o local em seguida, mas retornaram com o carro menos de três minutos depois. O objetivo era arrecadar o celular de Vitória da cena do crime para eliminar provas. Como a jovem ainda respirava com dificuldade, o casal foi embora de novo, mas desta vez para comprar um galão de gasolina em um posto. Larissa pagou o combustível com o seu cartão de crédito.

Na sequência, os réus pararam em uma adega para comprar um maço de cigarros e um isqueiro. José Victor dispensou o celular da vítima em um bueiro, na frente do comércio, e retornou sozinho ao local onde ela agonizava. O réu despejou gasolina sobre Vitória e ateou fogo, carbonizando-a parcialmente. Por fim, ele foi ao lugar onde Larissa o aguardava e ambos fugiram. Pela manhã, o corpo da jovem foi achado, sendo removido sem identificação ao Instituto Médico-Legal (IML).


As investigações avançaram em poucos dias. Após os depoimentos de duas amigas de Vitória, que sabiam do encontro dela com José Victor na data do crime, os policiais detiveram o acusado. Imagens de câmeras de segurança da Prefeitura de Praia Grande mostram o Sandero do réu circulando próximo ao local onde o corpo da vítima foi achado. Ele alegou inicialmente que procurava drogas para comprar e a sua mulher o acompanhava.

Posteriormente, José Victor confessou de forma parcial o crime, inocentando a mulher. Larissa negou participação no homicídio, mas ela e o companheiro “não combinaram as mentiras”, conforme relatório policial reproduzido na denúncia. Perícia com a substância luminol no interior do Sandero detectou sangue no teto, no volante e na porta do motorista. A equipe da 3ª Delegacia não localizou a arma de fogo usada no crime, mas encontrou o telefone da universitária.

Qualificadoras

“O desprezo à vida humana, nestes autos, é patente”, destacou o promotor. Segundo ele, a conduta dos réus causou grande clamor social e alcançou repercussão nacional. Vidal atribuiu ao homicídio quatro qualificadoras: feminicídio, em razão do sexo da vítima; motivo torpe, porque Larissa passou a nutrir ódio por Vitória ao descobrir a traição do companheiro e buscou vingança; dissimulação, porque a vítima foi atraída após o crime ser premeditado, e emprego de fogo.

Ulysses do Carmo Ferreira defende o casal e impetrou habeas corpus em favor de Larrisa, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo o negou. O advogado pleiteou a fixação de medidas cautelares em substituição à prisão, porque a cliente tem um filho de 7 anos e outro de quatro meses, em fase de amamentação. O pai das crianças é José Victor. Assistente da acusação, o advogado Fábio Borges Pereira avaliou como “bem fundamentadas” a denúncia e a preventiva dos réus.

Desabafo da mãe

Edjane Patrícia da Silva disse que a filha Vitória começou a trabalhar aos 16 anos como menor aprendiz e nunca mais parou. A jovem cursou 1º semestre de Administração de Empresas, mas trancou a matrícula por causa de dificuldades econômicas. “Ela pretendia concluir a faculdade, casar e ter filhos, mas infelizmente isso não vai mais acontecer. Nada vai trazer de volta a minha filha, mas o casal que cometeu esse crime brutal precisa ser julgado e pagar pelo que fez”.

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